Surto de doença viral também atinge a cidade e mata dezenas de cachorros


Leila, moradora da região de Vila Rica, perdeu seu pincher (acima) no mês passado e agora teme pela pastora (abaixo), que não apresentou sinais da doença. / Divulgação

A notícia de um surto de cinomose na cidade de São José do Vale do Rio Preto, vizinha de Petrópolis, assustou a população e resultou na morte de dezenas de cães na região. Mas o que grande parte das pessoas não sabe é que o aumento de casos da doença, que não é transmitida ao homem e afeta especialmente os cães, é comum após o inverno. A doença é causada por um vírus que atinge diferentes sistemas do corpo, inclusive o nervoso central, e pode ser prevenida por vacina, porém, esta é de responsabilidade de cada proprietário.
Petrópolis também está passando por um surto endêmico da doença, o que, segundo o veterinário com especialidade em neurologia, Ragnar Franco Schamall, acontece todos os anos nesta época: "A doença nunca deixou de estar presente e o período atual é o mais crítico porque no frio os animais ficam mais aglomerados, o que facilita a transmissão que ocorre através de contato direto com secreções de infectados".
A dona de casa Leila Vieira Enter, 59 anos, perdeu seu cãozinho de estimação no mês passado e conta que na região onde mora, em Vila Rica, em Pedro do Rio, a doença já matou cerca de 20 cachorros. "No início de agosto percebi que meu pincher estava com conjuntivite e comecei a tratar, mas, como não melhorava, levei ao veterinário. O exame deu positivo para a cinomose. O quadro foi piorando, ele teve diarreia, tiques nervosos (mioclonia) e perdeu os movimentos das pernas, até que no dia 16 de setembro faleceu", lembra Leila com tristeza.
A doença se divide em duas fases; a epitelial e a nervosa. Os sintomas chamados 'clássicos' da primeira fase são conjuntivite, vômitos e diarreia, provocados pela gastroenterite, e a tosse, desencadeada pela pneumonia. Também pode ocorrer febre, perda de apetite e apatia. O intervalo de tempo entre a fase epitelial e o aparecimento da fase nervosa pode ser rápido ou levar até dois meses, caso não se chegue à cura. No segundo estágio os sintomas mais comuns são convulsões, paralisias, alterações no modo de andar e mioclonias. Também pode ocorrer aumento de rugosidade do nariz e dos coxins ('almofadas' das patas).
Ragnar explica que, por não se tratar de um problema de saúde pública, não existem campanhas de vacinação gratuitas, como é o caso da raiva. Cada proprietário deve zelar pela saúde do seu animal de estimação mantendo em dia o calendário de vacinas. Mas este é um fator que, não raro, contribui para agravar a situação. Isso porque uma parcela das pessoas se apavora diante dos surtos e imuniza o cão uma vez. Depois disso, volta a negligenciar a prevenção. O problema é que o sobe e desce nos níveis de anticorpos criado pelo animal o deixa ainda mais vulnerável ao vírus.
O número de atendimentos envolvendo a cinomose também subiu na clínica do veterinário que, por ser especialista em neurologia, já recebe uma quantidade maior de casos do durante todo o ano. Ele revela que, enquanto regularmente atende de um a dois casos por mês, nos últimos meses vêm recebendo de um a dois por semana.
A vacinação é a melhor forma de evitar o problema e deve ser feita anualmente em clínicas veterinárias, onde a eficácia é mais garantida. Nos filhotes são administradas três doses a partir dos 45 dias de vida. Caso o animal já esteja contaminado, deve ser rapidamente separado de outros cães e o ambiente não deve ser utilizado para abrigar outros animais no período mínimo de três meses.
Além dos cães, outras espécies como ferrets (furões), gambás, e alguns felídeos, porém não o gato doméstico, podem ser hospedeiros ou desenvolverem a doença. O tratamento consiste em combater os sintomas, já que a própria cinomose não tem cura. A fase nervosa frequentemente deixa sequelas de graus variados. O cão tanto pode ficar normal quanto com uma paralisia completa. Os donos também sofrem diante da situação, como confirma Leila: "Chegou num ponto que ele trincou os dentes e não conseguia sequer comer. Não tenho palavras para descrever a sensação de vê-lo daquele jeito e não poder ajudar", lamenta.
A dona de casa ainda tem uma pastora alemã e teme pelo bem-estar da cadela. Ela lembra que foram muitas perdas e que as pessoas têm pouca informação sobre o problema. "Eu jamais podia imaginar que uma conjuntivite fosse o início de uma doença terrível como essa", pontua. Leila acrescenta que, apesar da Comdep ter realizado uma cremação coletiva, alguns corpos foram jogados em lixeiras, o que pode contribuir para a disseminação do vírus, caso outros cães tenham acesso aos animais mortos. A orientação de Ragnar é mesmo a de cremar ou enterrar adequadamente os corpos.

FERNANDA SOARES
Redação Tribuna

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